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Restaurante Universitário: das dificuldades de acesso à transformação de maus hábitos

Pro Marcos André Soares

Cheguei ao restaurante da Universidade Federal do Maranhão e vi a fila, uma grande e interminável fila, todos à espera de chegar sua vez de entrar e poder matar a fome. Eu não era diferente dos demais, até conferia os passos para que acabasse aquela agonia. Contudo, assim que chegou a minha vez de entrar eu senti um misto de alegria e tristeza, uma vez que aquele era o ultimo dia de funcionamento. Segundo a diretora do restaurante Isabela Calado, as atividades seriam enceradas naquele dia 6 de julho, uma segunda feira e retomadas apenas no dia 24 de agosto.


Esta é apenas uma entre as mais de 2000 versões contadas por pessoas que frequentam o restaurante da UFMA todos os dias. O RU, como é popularmente conhecido, é o setor da universidade que fornece alimentação diária a estudantes, docentes e funcionários, além de pessoas da comunidade que utilizam seus serviços esporadicamente, por um preço bastante acessível, de R$ 1,25. Esse valor, se comparados a outros restaurante de universidades federais pode ser considerado alto. Na Universidade Federal Fluminense, por exemplo, a bandeja custa R$ 0,75, porém em outros lugares os restaurantes foram terceirizados ou até fecharam suas portas, como na UFRJ, devido à falta de recursos destinados especificamente aos restaurantes.


São nítidas as melhorias que o RU vem recebendo, principalmente.nos últimos dois anos. Foram adquiridos equipamentos como quatro câmaras frigoríficas, duas frigideiras industriais, um processador de alimentos e um forno combinado industrial. ”A prioridade para o segundo semestre é de colocar em funcionamento o sistema de catracas eletrônicas de forma integral, para assim poder abrir o segundo refeitório e atingir a real clientela, que são os estudantes e servidores.” Afirma a diretora do RU Isabela Calado.


Contudo, velhos problemas ainda puderam ser observados nesse primeiro semestre. Um deles, e sem dúvidas o mais estressante é o tamanho da fila, que normalmente é gigantesca. Para evitar os “fura-filas”, que se aglomeravam perto da entrada do restaurante, a equipe de segurança teve a idéia de colocar uma corda que percorresse grande parte da extensão da fila, para inibir o mau comportamento de alguns usuários que dificultavam o andamento da fila. Na opinião de alguns, a corda nos faz sentir como se estivéssemos no carnaval de Salvador, como conta Doracy Rodrigues, servidora da universidade. Outros têm uma visão menos radical da situação: “A princípio eu não gostei da idéia da corda, mas vi que ela ajudou a controlar o excesso de “fura-filas”, achei até que ficou mais rápida, apesar de ser mais intimidadora por conta do tamanho quilométrico” conta Guilherme Sirino, estudante do segundo período de odontologia. Os dois vão ao restaurante com freqüência.

O RU à noite

Durante o dia é um sufoco, uma longa espera e dificuldade para encontrar lugar para sentar. À noite, a situação se inverte; ninguém na fila, extrema facilidade para entrar, e uma imensidão de lugares vazios. Assim é a realidade do RU pela noite. Durante o dia o restaurante abre suas portas por volta das 10: 300, para dar conta de atender a grande demanda – mais de 1800 refeições. A equipe de serventes é formada por cinco pessoas, enquanto que dois ou três encarregam-se com uma pilha de bandejas e talheres sujos.


Em alguns dias o funcionamento chega até por volta das duas da tarde e enquanto houver gente na fila, continuam sendo servidas as refeições. Durante a noite são servidas no máximo 300 refeições por somente dois serventes, que ainda tem tempo de bater longos papos, pela falta de gente para servir. Até as bandejas parecem estar mais limpas e brilhantes, dá até para se pentear. Ao todo são 29 cooperadores que prestam todos os serviços diários no RU.

Balanceamento nutricional

Comer um alimento nutricionalmente balanceado é de grande importância para qualquer pessoa. Injetar em seu organismo a quantidade certa de cada substancia para que não sejam provocados danos ou excessos é condição essencial para qualquer estabelecimento que venda produtos alimentícios ser respeitado por seus consumidores. O RU está dentro das normas da vigilância sanitária, e conta com uma equipe de quatro nutricionistas, incluindo a própria diretora Isabela, e com uma chefia de abastecimento que fazem a seleção com relação à qualidade dos produtos e distribuição nutricional dos alimentos no cardápio de cada dia.

Existe um mito de que a comida do RU é de péssima qualidade, e que é posto até fermento no arroz, mas o que se vê na prática é uma realidade bem diferente. Quem está acostumado a ir ao restaurante elogia o sabor dos alimentos e o cardápio em geral: “A comida é relativamente boa, principalmente se considerarmos o preço que estamos pagando”, afirma Guilherme Cirino. Segundo a diretora do restaurante os recursos arrecadados com a venda de fichas suprem apenas 20% dos gastos com os alimentos. Mas há quem considere a qualidade da alimentação oferecida ruim. “Comi umas três, quatro vezes no RU, e achei a comida ruim, a carne é dura e mal assada”. Afirma a estudante de letras Natyara Araújo do primeiro período.

Outro ponto negativo a ser observado é a quantidade de alimentos que é desperdiçada no restaurante. Nas bandejas sobra grande quantidade de alimentos todos os dias, as vezes que não são nem tocados pelos clientes. “A função do restaurante é educar e nutrir a clientela, transformando seus hábitos alimentares” enfatiza Isabela. Hábitos alimentares são transformados, proporcionando uma alimentação mais saudável, mesmo quando a pessoa a princípio não gosta de determinado alimento. É como diz o ditado: “ruim com, pior sem”. No caso ruim com os alimentos que não gostamos, mas pior para a nossa saúde sem eles.


Música maranhense no Divã

São Luís possui uma variada criação musical, na qual a música erudita, a popular e a mistura dos dois gêneros se fazem presentes durante todo o ano. Escolhida como capital da cultura brasileira neste ano, a cidade possui uma infinidade de ritmos. Porém, na falta de uma indústria musical, muitos artistas vivem em condições aquém da grandeza de seus talentos, principalmente na música erudita. O fato influencia a opinião de estudantes, músicos, professores e emissoras de rádio.

Com variada e antiga produção musical, da qual se podem observar registros de músicas do compositor Antônio Rayol, oriundas do século XIX, São Luís possui cursos de licenciatura na área somente há cinco anos. E não tem nenhum curso de bacharelado.

Segundo professor da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), Juvenal Alves, que está no Estado há duas semanas, os conhecimentos acadêmicos darão um grande “empurrão” na música maranhense.

“Eu me sinto surpreso pela tradição musical forte que o Maranhão possui. O que eu sabia que existia era o boi, mas é muito mais do que isto. Divulgação é importante, assim como o curso, para fomentar a pesquisa, realizar registros, criar novos domínios técnicos, fazer congressos, fóruns. Isto irá trazer pessoas do mundo inteiro que irão querer ver a musica daqui e levar para seus estados e países”, afirma o professor que concluiu o pós-doutorado em música na Universidade Estadual da Bahia (UEBA).

Para ele, a criação do curso está atrasada em relação a outras regiões. “Na Bahia, o curso já está em atividade desde 1975. Aqui, a universidade possui 46 anos e somente agora estão implantando um curso da área. É importante que a universidade absorva as manifestações locais e seja absorvida por elas para gerar conhecimento. Também é preciso que se haja condições para a formação de um mercado de trabalho. É ilógico formar sujeitos para um mercado inexistente”, reforçou.

Futuro incerto

Justamente o mercado de trabalho é o que mais preocupa o estudante do 5º período do curso de música da UFMA, Paulo Roberto, 20 anos, que sequer possui uma referência do que seja a habilitação escolhida. “Eu entrei pensando que era uma coisa e, na verdade, é outra. Achava que era mais instrumentação, mas eles preparam o aluno para ser professor mesmo. Espero que com a nova lei de incentivo à cultura, que determina que as escolas de ensino público tenham professores de música, seja posta em prática”, comentou. Paulo ainda falou sobre o seu desejo de ingressar no curso de economia, pois não conhece o mercado de trabalho maranhense de música.

Já para João Neto, estudante do 4º período e também músico profissional, o curso possui deficiências estruturais. “Eles foram implantar primeiramente o curso para depois estruturá-lo. Somente agora chegaram mais quatro professores e estão comprando instrumentos. Recebemos recentemente 35 pianos, mas faltam salas de estudo”. João está se formando no curso técnico de flauta da Escola de Musica do Estado do Maranhão e relatou que a formação serve para ingressar no mercado de trabalho: “A técnica serve para tocar qualquer música popular. Antigamente, o pessoal não conseguia viver só de música, mas hoje eles estão tocando em vários grupos de choro, por exemplo. E sobrevivem”.

O Espaço do Erudito

Na Rádio Universidade 106,9 FM, o programa específico com tabela total de música erudita é o Opus, nas segundas-feiras. A programação da Rádio, segundo Paulo Pellegrini, coordenador geral, segue uma tendência internacional moldada por tabelas de músicas contemporâneas. “Ao longo do dia, os ouvintes não costumam pedir por uma música erudita. O Opus é um programa para públicos diferenciados na qual as programações necessitam de uma contextualização. O programa também tem função de divulgar alguma produção do tipo erudito no momento de seu lançamento”, afirmou.

E continuou: “A rigor, somente existia a música erudita antigamente e esta era a música popular. Porém, com intercâmbios de informações e possibilidades de gravações, o popular foi tomando outra dimensão e o erudito passou a ser parte de um público específico, pois mesmo no auge, era restrito, sendo tocado nos bailes da alta sociedade. Hoje existem poucos maranhenses que produzem música erudita. É o caso do Mécio Gomes, Zezé Kassas e, o mais conhecido, Fernando Carvalho, que também surge na programação normal tocando músicas populares em estilo erudito”.

Apesar de não ter números comprovados e catalogados, Pellegrini acredita que a maior parte dos músicos presentes é originária de uma formação musical popular, salvo algumas exceções, como Flávia Bittencourt e Luciana Pinheiro, que possuem cursos de canto coral.


A febre retorna

O maniqueísmo da saga Harry Potter e os pottermaníacos
Por Alessandra Dutra


Quem acompanhou a evolução da narrativa de J.K. Rowling e o crescimento tanto dos personagens quanto dos atores, irá se deparar com um Harry Potter, interpretado por Daniel Radcliffe, bem diferente daquele garotinho que encantou os fãs no primeiro filme, "Harry Potter e a Pedra Filosofal". Agora, o bruxinho e seus amigos Rony Weasley (Rupert Grint) e Hermione Granger (Emma Watson) estão na fase da adolescência e as suas vidas estão em intensa ebulição física e psicológica.

Não só as personagens da autora estão em tamanha efervescência, mas a legião de fãs que acompanha a história desde o primeiro livro. Isabela Cristina, universitária da UNB, é uma entre os bilhões de fãs de Harry Potter espalhados pelo mundo. A estudante revela que tudo começou quando assistiu o filme HP e a Pedra Filosofal “Fiquei fascinada pela história, então decidi comprar o livro. A partir daí, compro tudo que vejo sobre Harry Potter”.

Isabela e mais de 1 milhão de pessoas estão na mesma trilha. A busca por produtos relacionados ao menino bruxo como pôsteres, calendários, revistas, jogos e adesivos geram US$ 1 bilhão por ano. Dona Ivanilde, responsável por uma banca de revistas no bairro do Cohatrac (em São Luís do Maranhão), por exemplo, diz que as revistas que tratam sobre Harry Potter vendem mais que a VEJA. “Minha filha, quando chega época de lançamento do filme, elas saem mais que depressa”, conta a vendedora.

PREFERÊNCIAS - Há também fãs de carteirinha como Glauco Costa, o universitário de 20 anos de idade acompanha desde os seus 12 anos a aventura do garoto bruxo. “O meu personagem preferido é o Rony. Ele faz umas caretas engraçadas, além de sua atuação ser fantástica. O Dumbledore anterior era muito mais carismático, mas gosto do ator que o substituiu” Glauco tem em seu quarto inúmeros pôsters, artigos e reportagens de revistas internacionais a cerca das personagens de J.K Rowling. Além de colecionar fotos dos cenários dos filmes, sempre que sai o CD da trilha sonora, ele compra seja nas poucas lojas de São Luís do Maranhão, seja na Internet. O jovem revela: “sei que muitos podem enxergar como uma doença, essa história de eu ser fissurado por um mundo que só existe em outra dimensão, um plano puramente fictício. Mas eu sou apaixonado por esse mundo mesmo estando de maneira física longe dele”.

Os pais do garoto admitem que o rapaz sempre foi assim. E que nunca tiveram problemas de relacionamento com ele no ambiente familiar. “Apesar de Glauco aparentar ser um garotão que ama literatura infanto-juvenil, ele sempre se mostrou para nós um filho responsável pelas suas atitudes e escolhas”, comenta a mãe Dolores Albuquerque.




BILHETERIA - Em plena quarta-feira, dia 15 de julho, Glauco em São Luís do Maranhão, e Isabela em Brasília, estarão cada um numa sala de cinema assistindo ao mais recente longa da saga: “Harry Potter e o Enigma do Príncipe”. O livro que foi lançado em 2005 vendeu 65 milhões de exemplares, de acordo com o site Terra.

Como a expectativa pelo novo longa é de deixar os chamados “pottermaníacos” grudados no relógio, muitos antecipam a compra dos ingressos. No Reino Unido, por exemplo, o maior grupo de salas de cinema, Odeon & UCI, vendeu 76 mil entradas antes da estréia.

No dia 13 de julho, o estudante de Direito Thiago Fernandes foi à bilheteria do BOX Cinemas na cidade de São Luís comprar 3 ingressos. Mas, deparou-se com o inesperado “Não tem mais ingresso, agora só na próxima semana ou talvez sexta, pelo menos foi o que a atendente falou”, comentou o universitário.


Igreja e bruxaria: em algum ponto elas se encontram

Outro fato é a história de Harry Potter romper barreiras fictícias. Na Folha Online saiu à notícia de que o Vaticano teria aprovado o novo filme. A publicação do jornal “L'Osservatore Romano" informa que o filme é a melhor adaptação até agora da série de J.K. Rowling sobre um jovem bruxo e seus colegas na escola de magia de Hogwarts em luta contra Voldemort, e também por deixar claro que o bem deve prevalecer sobre o mal por mais que isso requeira custos e sacrifícios.

Os elogios do Vaticano surgem após as duras críticas sobre a série feitas por um padre conservador austríaco, Gerhard Maria Wagner, que classificou os romances de Harry Potter como obra satânica.

Satânica ou não, o certo é que os fãs estão aguardando pelo filme há 2 anos. Não é para menos, o sexto livro recebeu o troféu Best-Seller por ser o mais vendido do mundo em apenas duas semanas, superando "O Código da Vinci", de Dan Brown.

Harry, Rony, Hermione e os milhões de jovens, crianças e idosos estarão em uma nova aventura que só quem conhece sabe. A quarta-feira será mais um dia de números para as salas de cinemas de todo o mundo e também para a consagrada autora do Best-Seller.


Os atores Rupert Grint, Emma Watson e Daniel Radcliffe, protagonistas de "Harry Potter”


 
Frank Lima